Uma pedagogia edificante: narrativas de santidade na Anglia no século XII

A hagiografia medieval, enquanto gênero literário, pode ser caraterizada como uma narrativa destinada a preservar e construir modelos de santidade. Tem sido cada vez mais considerada como ponto de partida para abordagens historiadoras acerca de temas variados, como gênero, corpo, morte e relações sociopolíticas.
Ser santo variou no curso dos mais de mil anos de Idade Média: Durante a Alta Idade Média, a origem nobre de muitos bispos foi um critério importante para a santidade, enquanto durante a Idade Média Central e a Baixa Idade Média novos critérios foram incorporados, indicando as transformações sociais e culturais que surgiram. Com efeito, pessoas de origem social considerada humilde ou que abdicaram das riquezas materiais compuseram esse novo cenário da santidade. Deve-se ainda incluir aquelas que optaram para viver no ermo e que, no imaginário social, adquiram as qualidades especiais de alguém santo (a) devido ao seu rigor ascético, embora a Igreja tenha relutado em oficializá-los (as) como santos (as).
De bispos, abades e monges a pessoas que estiveram mais ou menos longe das estruturas eclesiásticas, a santidade medieval, em sua pluralidade, revela o aspecto simbólico que permeou toda a vida dos medievais: o homo viator em busca do sagrado.
A pluralidade da santidade medieval diz respeito, assim, a sua dimensão política, social, institucional, espiritual e religiosa que possibilita a observação histórica-antropológica da interconexão entre o natural e o sobrenatural.

Prof.° Me. Raimundo Carvalho Moura Filho

Raimundo Carvalho Moura Filho

É professor efetivo de História desde de 2020 na rede de educação básica de Imperatriz/MA. É licenciado em História (UEMASUL, 2017) e em Pedagogia (Grupo Educacional IBRA, 2022).Tem Pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). É mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. É Membro/pesquisador do Núcleo de Estudos Multidisciplinares de História Antiga e Medieval (NEMHAM-CNPq/UEMA) e do Laboratório de Estudos Medievais (LEME/UFG). Cursa doutorado em História no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. É pesquisador na Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM). No mestrado estudou as representações acerca dos ideais de vida religiosa eremítico e cenobítico, a partir de discursos hagiográficos (vida de santos) entre os séculos XI e XII. Tem experiência em História da Igreja medieval e em História da Filosofia, com ênfase em Filosofia Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: antropologia afetiva, as concepções acerca da alma e do corpo, e relações interpessoais nos escritos do abade cisterciense Aelredo de Rivelaux (1110-1167 d.C).