A possiblidade da aplicação ética e política: na perspectiva da noção de terceiro em Emmanuel Levinas
Autor:
Prof.° Esp. Marcos Aurélio Costa da Silva
ISBN
978-65-5379-036-0
DOI:
10.47573/aya.5379.1.47
N° páginas:
106
Formato:
Livro Digital (PDF)
Publicado em:
14-05-2022
Área do Conhecimento
Licença:
A filosofia de Emmanuel Levinas possui um primado essencialmente ético voltado para uma relação de alteridade na qual o mesmo está à mercê do outro. Tudo se baseia numa dinâmica de responsabilidade: “sou responsável pelo outro”. A alteridade, dessa forma, não deve ser confundida com uma passividade ou um objeto a ser desejado e possuído. O Eu, assim como o outro, é alguém que porta um rosto e com quem é possível manter encontros, isto ocorre no que Levinas chamará de “face-a-face”. Tal encontro impede o eu de reduzir o outro à coisa, na medida em que se trata aqui de uma relação de significância, de constante produção de sentido, pois o humano nunca é um dado acabado. Dessa forma, o “rosto” não pode ser considerado como uma característica estética, mas é a própria metáfora da relação de alteridade ética interminável. É expressão do infinito ético, e assim, a responsabilidade se converte em acolhimento. Nestes termos, o filósofo lituano rompe com toda uma tradição filosófica ao problematizar de forma crítica as noções de desejo, totalidade, ontologia, etc. Tais conceitos se contrapõem a noção de infinito ético. A relação ética, em Levinas, não pode permanecer binária, entre o eu e o outro, mas necessita ser sopesada pela vinda do diferente. Este elemento seria o Terceiro: o estrangeiro, o refugiado, aquele que permanece distante. Com ele é possível pensar em verdadeiras relações políticas na proporção em que sua diferença chega clamando justiça com o intuito de também pertencer à relação ética. O terceiro, assim, traz equidade para as relações em sociedade. A vida em comunidade requer que sejam observados os diferentes, para que a mesmidade não prevaleça e daí a dimensão antropológica: o humano constituído como ser aberto à relação de alteridade. Ainda é preciso ir além, há possibilidade de uma aplicação ética e política na comunidade instituída a partir da justiça pois, precisa de artifícios que possam garantir o direito do Outro. Para tanto, o Estado possui a função de mediador social e se apresenta como Eleidade, um aspecto do Terceiro capaz de garantir a relação justa entre o Eu, o Outro e o Terceiro. A Eleidade existe para que a mesmidade não se repita e não se reduza o outro a um corpo matável, dispensável. Por demandas concretas advindas da fome, exploração, preconceitos é que a justiça do Terceiro nasce. No entanto, o Eu nunca existiu nem existirá numa independência absoluta de autonomia total. O sujeito é histórico e social nasce sempre numa relação plural. É a alteridade que possibilita a constituição do Eu. Se o Outro não existisse, o Eu perderia a condição de possibilidade de seu existir enquanto sujeito histórico. A ética é vista, então, como a dimensão capaz de reestruturar as relações humanas a partir do respeito pela alteridade de cada membro da relação. A ética moderna da autonomia fecha as portas para a alteridade. Por fim, A política “acontece” com a chegada do Terceiro, sobre os parâmetros que dizem respeito à organização da Pluralidade humana. A justiça acontece com a necessidade de comparar o Outro ao Terceiro. O encontro tem sentido como realização da Justiça. A significância que motiva o agir ético não está mais polarizado no ser, mas no movimento do que vai em direção ao Outro para instaurar a paz e a justiça. Para Levinas esta seria a fonte de legitimidade do Estado; e se o Estado não cumprisse esta vocação, se não permitisse as relações interpessoais ou ocupasse o lugar delas ele seria ilegítimo. A política é o momento em que o Eu se abre à alteridade do outro, ficando em alerta da responsabilidade pelo Outro na relação do face a face.
Prof.° Esp. Marcos Aurélio Costa da Silva
Marcos Aurélio Costa da Silva
Nasceu no Rio de Janeiro, filho de Marida de Fatima Costa e José Mariano da Silva, Foi ordenado Presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana na Diocese de Porto Nacional-TO. Licenciado em Filosofia pelo Instituto de Ciências Sociais e Humanas e Instituto Superior de Educação – ICSH/CESB ,Vale Paraíso de Goiás – GO(2013). Pós-graduado em Lato Sensu em Filosofia pela Universidade Estácio de Sá – UNESA, Rio de Janeiro – RJ (2017). Licenciado em Pedagogia Pelo Centro Universitário UNIDOMBOSCO, atualmente esta cursando a terceira graduação em Direito pela UNINASSAU. Já tem publicado um artigo um artigo com o Titulo: A Importância da Afetividade na Educação Infantil pela Editora AYA, E Agora publicando o presente livro fruto de um resultado de um trabalho de conclusão cientifica da Pós-graduado em Lato Sensu em Filosofia sob orientação do Professor Me. Emerson Ferreira da Rocha. Atualmente o Prof. Esp. Marcos Aurélio Costa da Silva, trabalha como Analista em Educação na Secretaria de Educação do Estado do Tocantins.