O ensino de matemática na atualidade: percepções, contextos e desafios 2
Organizado por:
Prof.° Me. Paulo Marcos Ferreira Andrade
ISBN
978-65-5379-012-4
DOI:
10.47573/aya.5379.2.62
N° páginas:
194
Formato:
Livro Digital (PDF)
Publicado em:
2022-02-26
Área do Conhecimento
Licença:
Nobres professores e professoras que ensinam matemática…
É com grande satisfação e respeito que me dirijo a cada um de vocês. Acredito no árduo trabalho que cada um tem desempenhado nos diferentes contextos em que a matemática tem nos levados.
Quero vos dizer que esta obra representa muito para cada um de nós que estamos imbuídos na luta pela educação de qualidade e pela valorização daqueles que fazem a qualidade na educação brasileira. Parece redundante, porém são questões distintas que merecem todo destaque nos debates e diálogos que se forjam a cada prática que realizamos.
Ensinar matemática tem sido historicamente um processo um tanto difícil, digo isto porque muitos a tem tornado em um campo minado onde poucos conseguem caminhar. “Assim estamos, cegos de nós, cegos do mundo. Desde que nascemos, somos treinados para não ver mais que pedacinhos” (GALEANO, 1990 apud de AMORIM,2016, p. 28).
Este pequeno fragmento, diz muito sobre a forma de ensino e aprendizagem predominante na maioria das escolas de educação básica em nosso país. Um ensino compartimentado em pedacinhos cada vez menores, que se distancia da realidade prática, dicotomizando o processo de ensinar e aprender.
Embora pareça tão óbvio, o debate de que a educação precisa estar intimamente ligada à vida dos estudantes, ainda é necessário. A vida se apresenta em um cenário múltiplo e complexo, cujos aspectos que a caracterizam se articulam em uma hegemonia fenomenal em que os seres humanos se entendem e dão-se a entender. Assim mesmo precisa a escola, articular o processo de ensinar e aprender em torno dois eixos principais, que de acordo com Hernández (1998, p. 26), se traduz “como se supõe que os alunos aprendem e, a vinculação que esse processo de aprendizagem e a experiência da escola tem em sua vida”.
Esta visão articuladora nos incentiva a romper com a velha ideia de formar cidadãos para o futuro. O que precisamos na verdade é resolver o dilema da educação do presente, com as pessoas e técnicas do presente. Isso requer do professor uma disposição para ir além das disciplinas escolares e pensar nas problemáticas que são estimulantes para os alunos, nas quais eles tenham que questionar, refletir e estabelecer relações. autora enfatiza a necessidade de os estudantes se darem conta de que precisam aprender cada vez mais, e em maiores complexidades. Tem-se então o terceiro então terceiro eixo explicitando que a educação deve permitir a compreensão do complexo (HERNÁNDEZ 1998). Na perspectiva Moreira José (2010, 56), este eixo pode ser sintetizado na ideia de que “o que se aprende deve ter relação com a vida dos alunos e dos professores, o que não significa dizer que se deva ensinar o que os alunos gostariam de aprender”.
O pensamento principal é que toda ação pedagógica deve dar possibilidades de o estudante se envolver e aprender numa perspectiva que ultrapasse os muros da escola. Penso que seja necessário criarmos a pedagogia da transgressão, que permite ir além do previsto no currículo de um determinado componente curricular e de proposições estanques.
Conforme Moreira José (2010, p. 57) enfatiza, as práticas transgressoras são aquelas “que se negam a trabalhar de forma positivista”. A autora se empenha apresentar argumentos que contrapõem a “memorização e a repetição” sem significado para o estudante. Ao professor cabe a tarefa peculiar de apresentar as setas no caminho, pois transgredir também pode significar um ato de liberdade. É uma perspectiva pedagógica que rompe com o silêncio descomunal do fazer, do saber e do ensinar.
Um silêncio academicamente ensinado, escolasticamente repetido, metodicamente desenvolvido, totalmente proliferado e infelizmente acalentado. E das cicatrizes que este silêncio deixou na vida dos alunos que por eles foram feridos, acreditando que estavam sendo beneficiados. (FERRAREZI JR. 2014, p.12).
Na verdade, frente a estes rudimentos, que fragmentam o ensino e monopolizam o saber, não há outra escolha senão assumir uma postura favorável à educação para compreensão (MOREIRA JOSÉ 2010). Mas a educação para compreensão traz em seu bojo a exigência urgente da mudança, a saber a “de comportamento, na qual enxergue as possibilidades que o aluno possui de aprender, de compreender, de transformar, de agir sobre o seu presente (ibid. p. 57). Está clara a necessidade de que atitudes de mudança requerem práticas coletivas de ensino e de aprendizagem, de forma desfragmentada. Logo as parcerias acontecem entre os sujeitos e os componentes curriculares de forma mais efetiva.
Isto implica na compreensão de a educação deve, pois, responder a questões de pelo menos três ordens que assim se dispõe:
a) Questões de ordem existencial ou ontológica
Está ligado ao processo educativo que tem como foco a essência humana. A raiz deste debate é encontrada em Heidegger, que muito embora não tenha discutido a educação propriamente dita, este tema aparece de forma velada em seu pensamento. A existência é a essência do homem, assim pensar os processos educativos como processos humanos exige uma compreensão profunda deste ser.
Sobre a existência humana, Pessoa (2013, p. 49) assevera que a educação ontológica não está na compreensão de “que apenas [homem] é real, mas que é o único ente que se realiza a partir e através de uma compreensão de ser. O existencial não significa algo pronto, acabado que não pode ser mais construído, desconstruído ou repensado, mas o que existe.
Pedagogicamente a educação é um processo aberto, permanente, que abarca a existencialidade do homem. Tudo é uma questão de visão, a circunvisão, logo que “uma pedra, por exemplo, na visão de um pedreiro, é para construir; já para o geólogo, ela é para estudar; ao pintor, ela é para pintar e ao escultor, é para esculpir; à criança, pedra é para brincar e ao minerador, ela é para negociar…” (PESSOA 2013, p. 52)
b) Questões de ordem conceitual ou epistemológicas;
A “Epistemologia Pedagógica consiste em ensinar aos alunos a pensar criticamente, ir além das interpretações literárias e dos modos fragmentados de raciocínio” (TESSE,1995, p.44). Nesta lógica o que dá sentido ao pensamento de Tesse é o entendimento de que aprender vai além da habilidade de compreensão de temas complexos e da “competência de problematizar dialeticamente a teoria e a práxis educacional” ( ibid.p.44).
Nesta direção a ação pedagógica deve dar ao estudante a possibilidade de articular conhecimentos para além de um componente curricular. Implica o engajamento de saberes e de questionamentos, transformando a realidade do aprender.
A ideia principal é que a educação seja integradora daqueles aspectos do conhecimento humano que não se restringe a uma disciplina pela própria complexidade, mas caminhas como conhecimento autônomo. O que se tem, então, é a possibilidade do ensino compartilhado, sem fronteiras para o conhecimento. Professor e estudante constroem caminhos que perpassam as diferentes disciplinas e níveis de compreensão.
c) Questões de ordem prática ou praxiologias.
Como o próprio nome já diz a praxiologia está ligada à prática, o que não se reduz a um conjunto de manifestações da ação, mas em pensar e estruturar uma prática que de fato seja proveitosa do ponto de vista pedagógico. Trata-se de um contexto que coloca em foco a relação teoria e prática.
Esta é uma questão que nos leva a pensar a educação na perspectiva da práxis. O cerne desta temática pode ser encontrado em Paulo Freire, cujos apontamentos indica a práxis como uma forma de enxergar nos processos educativos na relação entre o que se fala e o que faz. Ao passo que práxis, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimido” (FREIRE, 1987, p. 38)
Trata-se de uma ação educativa que permite a ação reflexão, o homem (envolvidos no processo) age e reflete sobre a ação e ao refletir age novamente. Assim o sujeito da teoria “vai para a prática e da sua prática chega à nova teoria, sendo assim, teoria e prática se fazem juntas, perpetuam-se na práxis” Fortuna (2015, p. 64).
Voltamos então à questão da existencialidade, já mencionada anteriormente. Porém agora a ação proposta por Freire na relação teoria e prática exige um homem emancipado, não basta dar provas de sua existência é preciso ser autônomo e consciente. Esta emancipação deve estar articulada com o posicionamento do educador que deve enxergar o estudante como tal. Isto exige uma prática de liberdade e que provoca o protagonismo, pois “o seu quefazer, ação e reflexão, não pode dar-se sem a ação e a reflexão dos outros, se seu compromisso é o da liberdade” (FREIRE, 1987, p. 122) .
Conforme Fortuna (2015, p. 65)
A práxis pedagógica e epistemologia em sua conjuntura veem na condição humana, potencial de esperança, amor, autenticidade, diálogo e transformação, com capacidade de compreensão e intervenção do mundo. Estas disposições fazem com que os sujeitos coloquem-se diante do outro, com propósito de modificar a realidade e contexto opressor/dominador.
Se entendemos a visão de Freire em conceber a educação, logo fica claro que esta deve ter como objetivo a interação humano, a capacidade de relacionar com outro por meio do respeito e da esperança. A educação precisa ser encarada a partir deste engajamento onde o conhecimento é a uma potência de humanos que se humanizam e se deixam ser humanizados.
Assim cada capitulo desta obra está destinado a discutir um importante e aspecto da educação matemática e articula conhecimentos e percepções de professores e professoras que ensinam matemática nas escolas e universidades deste país. As pesquisas ora apresentadas são um grito de esperança para aqueles que ainda acreditam na mudança e na quebra de paradigmas na educação publica e de qualidade. Assim que desejo a todos e todas uma ótima leitura e belíssimas construções.
Prof. Me. Paulo Marcos Ferreira Andrade
Paulo Marcos Ferreira Andrade
Mestre em Ensino de Ciências e Matemática Pela UNEMAT. Licenciado em pedagogia pela UNEMAT. Licenciado em Letras:Português/espanhol pela UFMT. Esp. em coordenação pedagógica pela UFMT. Esp. em gestão escolar pela UFMT. Esp. em educação do campo pela AFIRMATIVO. Atua como professor na educação Básica desde de 1999, e atualmente é coordenador pedagógico na Extensão Municipal SOS Criança.
Sumário
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Capítulo 1
O uso da tecnologia no ensino aprendizagem de matemática: utilização do aplicativo Sinamath App Prof Sinamon em sala de aula
Sinamon Vieira Santos e Aparecida do Carmo Fernandes Cheroti
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.1
Páginas: 13-27
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Capítulo 2
Tecnologias digitais na sala de aula: Um olhar sobre o ensino de Matemática no Centro de Ensino Professora Isabel Castro Viana, na cidade de Bacabal/MA
Manoel de Sousa Cardoso Neto e Aparecida do Carmo Fernandes Cheroti
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.2
Páginas: 28-47
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Capítulo 3
A utilização de TICS no ensino remoto da matemática na rede pública municipal de educação de Bacabal-MA
Luís Ernandes de Oliveira da Silva, Francisco de Assis Parentes da Silva do Amaral Ferreira, Aparecida do Carmo Fernandes Cheroti e Ricardo Abreu Santos
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.3
Páginas: 48-59
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Capítulo 4
A importância dos laboratórios de matemática no processo de ensino
Pedro Martins Junior
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.4
Páginas: 60-70
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Capítulo 5
O ensino da matemática nos anos finais na perspectiva da BNCC
Maria Edjane Santos Sapucaia e Erenilda Oliveira de Souza
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.5
Páginas: 71-77
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Capítulo 6
Processo de ensino em matemática nos anos iniciais do ensino fundamental: alguns apontamentos sobre o aprendizado de fração
Isadora de Almeida Silva e Andréa Haddad Barbosa
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.6
Páginas: 78-91
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Capítulo 7
A correlação entre a educação financeira educacional, a educação infantil e a neurociência: Uma revisão da literatura
Michaela Nascimento de Freitas, Reinaldo Aparecido Domingos e Aline Alves Andrade de Aquino
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.7
Páginas: 92-104
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Capítulo 8
Analysis of the usability of the global positioning system
Christian Morgado Silva, Daniel dos Santos Lopes, Eros Batista Monte, Rômulo Davi Batalha e Jonathan Araújo Queiroz
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.8
Páginas: 105-111
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Capítulo 9
Números Naturais: aplicados no cotidiano
Mônica Ribeiro dos Santos de Oliveira, Thais Susane Ananias Silva de Melo, Samara Rani Duarte Bezerra da Silva, Josecleide Pereira de Andrade, Larissa Sofia Freire de Sá Lima, Ivanise Lopes da Silva Lima e Gercileide da Costa Lima
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.9
Páginas: 112-125
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Capítulo 10
Um estudo sobre a criação do curso de matemática EAD da Universidade Federal do Maranhão
Pedro Martins Junior, Aparecida do Carmo Fernandes Cheroti e Josyclesio Lima da Silva
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.10
Páginas: 126-139
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Capítulo 11
Probabilidade, carta de controle aplicada a software em ciência da educação
Sarley de Araujo Silva e Rui Nelson Otoni Magno
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.11
Páginas: 140-163
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Capítulo 12
Processamento de sinais em sistema de bicicletas
Samuel Victor Mouzinho de Carvalho, Antônio Vinicius Lima Lira, Thiago de Jesus Gonçalves Carvalho, Gustavo Cidreira dos Santos e Jonathan Araújo Queiroz
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.12
Páginas: 164-170
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Capítulo 13
Interdisciplinaridade e avaliação: articulações necessárias em projetos de modelagem matemática nos anos iniciais
Paulo Marcos Ferreira Andrade, Edinei Ferreira da Silva Andrade, Laine Marques Dos Santos Almeida Bertão e Marlene da Paixão Costa
DOI: 10.47573/aya.5379.2.62.13
Páginas: 171-184