Dialogismo em cena: reflexões sobre loucura, libras e literatura
Organizado por:
Carlos Ranieny Pereira Rocha, Hélen Cristina Pereira Rocha e Joeli Teixeira Antunes
ISBN
978-65-88580-65-3
DOI:
10.47573/aya.88580.3.3
N° páginas:
57
Formato:
Livro Digital (PDF)
Publicado em:
2021-08-28
Área do Conhecimento
Licença:
Para Mikhail Bakhtin, a interação de dois indivíduos que se inserem em uma sociedade resulta na enunciação, logo essa enunciação não existe fora de um contexto social e ideológico e é emitida por um determinado sujeito discursivo e dirigida a outro sujeito. Assim, qualquer enunciação propõe uma reação. O dialogismo consiste, então, em relações que ocorrem entre interlocutores, através da linguagem, em um meio social. “Todas as palavras e formas que povoam a linguagem são vozes sociais e históricas, que lhe dão determinadas significações concretas e que se organizam no romance em um sistema estilístico harmonioso”. (BAKHTIN, 1998, p. 100). É pelo diálogo que as personagens se comunicam e revelam suas personalidades e ideais que compõem suas visões de mundo, visões estas que, ao se chocarem, dão origem à tão mencionada “Polifonia”. A polifonia é definida como sendo interação e convivência, em um mesmo espaço literário, de uma multiplicidade de vozes e de consciências, independentes do autor/escritor que representa um determinado lugar de enunciação, de onde fala um sujeito discursivo que, por sua vez, também se compõe de um conjunto de outras vozes, pois é, por si só, polifônico.
É neste sentido que, a partir de uma perspectiva dialógica este livro esboça um percurso analítico pautado em discussões que tangenciam literatura, cultura, arte, libras e educação.
O primeiro artigo deste livro aponta para a construção de um estudo sobre o tratamento dado a loucura na Literatura brasileira, assim sendo elege como corpus os contos “O Alienista” (1882), de Machado de Assis e “A terceira margem do rio”(1962) de Guimarães Rosa com o intuito de compreender como o viés da loucura é tratado em cada contexto, levando em conta os conflitos e crises relacionados em cada conto, contrapondo as semelhanças e divergências, e a relação de entendimento da ‘loucura” de cada um.
Já no segundo artigo que constitui esta coletânea tem-se uma análise do livro de contos Vésperas (2002), de Adriana Lunardi, da tela Las meninas (1656), de Diego Velásquez e do texto filosófico “Las meninas” (1999), de Michel Foucault, com o intuito de demonstrar os pontos de aproximação entre o conto “Sonhadora”, com as obras de Velásquez e Foucault de modo a consolidar uma conexão entre os códigos textuais utilizados pelos artistas. Ali explicita-se que as narrativas contidas em Vésperas, especialmente o conto “Sonhadora”, retomam os objetivos alçados pelo pintor espanhol e pelo filósofo francês, posto que o movimento intertextual que interliga estes textos é viabilizado pela questão da finitude humana, pela Metalinguagem e pela concepção do autor como personagem.
No terceiro artigo deste livro traz-se a tona uma discussão que permeia o universo da LIBRAS e o seu contexto intertextual e dialógico, uma vez que aborda-se a eficácia do Software Quiz no Processo de Ensino Aprendizagem da Libras Como L1. Deste modo o que se pretende é analisar a eficácia da utilização do referido Software como recurso didático nas aulas de Língua Brasileira de Sinais – Libras como primeira Língua – L1.
Assim sendo, pretende-se com este livro fomentar os debates em tono da viabilidade de se utilizar recursos intertextuais e dialógicos tanto no âmbito literário quanto no processo de inclusão educacional do surdo.
Os autores
Carlos Ranieny Pereira Rocha
Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES e pós graduado em LIBRAS pelas Faculdades Favenorte. Possui experiência em desenvolvimento de sistemas para acessibilidade a pessoa surda. Atua como professor no Departamento de Comunicação e Letras (Unimontes).
Hélen Cristina Pereira Rocha
Doutoranda em Letras/ Estudos literários pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Letras/ Estudos literários pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES (2012) e graduada em Letras/Português (2009).Tem experiência no ensino e na pesquisa na área de Letras atuando principalmente na investigação dos seguintes temas: Língua portuguesa, Língua portuguesa e ensino, Teoria da literatura, Literatura Brasileira, Literatura de Minas, Guimarães Rosa, Relações de Poder, Relações Étnicas, Gênero e Alteridade.
Joeli Teixeira Antunes
Mestra em Letras Estudos Literários (Unimontes); Especialista em Libras com Ênfase em Interpretação (Unimontes), Especialista em Mídias na Educação (Unimontes), Especialista em Educação a Distância (Unimontes); Especialista em Linguística: Leitura e Produção Textual (Faculdades Santo Agostinho); Especialista em Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva (IFNMG); Graduada em Letras Português (Unimontes); Graduada em Letras/Libras (IFNMG). Atua como professora no Departamento de Estágio e Práticas Escolares (Unimontes) e no Departamento de Comunicação e Letras (Unimontes).