
Corantes Alimentícios e Saúde Infantil: Evidências Científicas e Desafios para a Saúde Pública
Food Colorants and Children’s Health: Scientific Evidence and Public Health Challenges
Autores:
Luciana Silveira Melo
ISBN (Livro):
978-65-5379-767-3
DOI (Livro):
10.47573/aya.5379.3.2
DOI (Capítulo):
10.47573/aya.5379.3.2.17
N° páginas:
Pages
Formato:
Livro Digital (PDF)
Publicado em:
04/07/2025
Licença:
Resumo
Corantes alimentícios sintéticos, amplamente incorporados a produtos ultraprocessados, exercem influência silenciosa nas trajetórias alimentares infantis por meio de estímulos visuais intensos e circuitos neuroquímicos associados à recompensa. Embora frequentemente percebida como decorativa, sua presença incide sobre sistemas neurodesenvolvimentais e imunológicos durante fases críticas de maturação fisiológica. As evidências associam esses aditivos a reatividade comportamental exacerbada, e manifestações pseudoalérgicas, sugerindo atividade biológica incompatível com a noção de inércia funcional. Apesar de os parâmetros regulatórios ainda se basearem em toxicidade aguda, dados emergentes oriundos de ensaios controlados por placebo e estudos mecanísticos indicam perturbações subclínicas ligadas à exposição reiterada. Crianças em contextos socioeconômicos vulneráveis, com acesso restrito a alimentos minimamente processados, apresentam níveis de ingestão desproporcionalmente elevados, ampliando desigualdades em saúde. A continuidade da permissividade na rotulagem e na publicidade consolida um ambiente de consumo dissociado de uma avaliação de risco baseada em evidências. Alternativas naturais, embora mais instáveis do ponto de vista químico, oferecem função pigmentária sem perfis farmacodinâmicos equivalentes. Reformular produtos, embora limitada por custos e instabilidade, a reformulação revela-se viável quando amparado por estratégias educativas e normativas. Experiências internacionais, como a restrição voluntária de corantes no Reino Unido, indicam efeitos comportamentais mensuráveis após reformas sistêmicas. Entretanto, sem monitoramento longitudinal e limites de exposição harmonizados, a precaução permanece mais discursiva que operacional. Uma resposta integrada — que articule reformulação, reestruturação regulatória e letramento alimentar — pode remover os corantes artificiais da dieta habitual de crianças. Na ausência dessa convergência, o risco neuroquímico persiste sem contenção, codificado não no sabor, mas na coloração. Políticas preventivas devem agora reposicionar os corantes sintéticos como passivos do desenvolvimento, e não mais como aditivos inócuos.
Palavras-chave: corantes artificiais; saúde infantil; alimentos ultraprocessados; cognição visual; regulação pública.
Abstract
Synthetic food colorants, widely incorporated into ultra-processed products, exert a silent influence on children’s dietary trajectories through intense visual stimuli and neurochemical reward circuits. Although often perceived as decorative, their presence impacts neurodevelopmental and immune systems during critical phases of physiological maturation. Evidence associates these additives with heightened behavioral reactivity and pseudoallergic manifestations, suggesting biological activity incompatible with the notion of functional inertia. Despite regulatory standards still being based on acute toxicity, emerging data from placebo-controlled trials and mechanistic studies indicate subclinical disturbances linked to repeated exposure. Children in socioeconomically vulnerable contexts, with limited access to minimally processed foods, exhibit disproportionately high intake levels, exacerbating health inequalities. Continued permissiveness in labeling and advertising reinforces a consumption environment disconnected from evidence-based risk assessment. Natural alternatives, though chemically less stable, provide pigmentation functions without equivalent pharmacodynamic profiles. Product reformulation, while constrained by cost and instability, proves feasible when supported by educational and regulatory strategies. International experiences, such as the voluntary restriction of colorants in the United Kingdom, reveal measurable behavioral effects following systemic reforms. However, without longitudinal monitoring and harmonized exposure limits, precaution remains more rhetorical than operational. An integrated response — combining reformulation, regulatory restructuring, and nutritional literacy — could eliminate artificial colorants from children’s habitual diets. In the absence of such convergence, neurochemical risk remains uncontained, encoded not in flavor but in color. Preventive policies must now reposition synthetic colorants as developmental liabilities, no longer as innocuous additives.
Keywords: artificial colorants; child health; ultra-processed foods; visual cognition; public regulation.
Ler On-line
