Impacto Psicológico da Perda de Pacientes na Prática Veterinária

Historicamente, a formação acadêmica em Medicina Veterinária no Brasil apresenta um perfil predominantemente tecnicista, caracterizado pela limitada preparação psicológica e emocional dos futuros profissionais para lidar com o luto e com a comunicação de más notícias. Tal lacuna contribui para o surgimento de transtornos como ansiedade, síndrome de burnout e fadiga por compaixão. Este estudo teve como objetivo investigar os impactos psicológicos decorrentes da perda de pacientes na prática veterinária. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa e caráter exploratório, por meio de formulário eletrônico, com a participação de 117 respondentes, entre estudantes e médicos-veterinários. Os resultados indicaram que 83,8% dos participantes relataram que a morte de um paciente afetou seu desempenho profissional ou acadêmico, gerando sentimentos de incapacidade e frustração. Além disso, 89,7% afirmaram ter enfrentado limitações terapêuticas impostas por restrições financeiras dos tutores, o que intensificou a sensação de impotência. Observou-se ainda que 84,6% dos participantes não receberam suporte adequado para lidar com a perda e 89,7% consideram que o luto na Medicina Veterinária não é tratado com a devida seriedade. Conclui-se que é urgente integrar a temática do luto à formação veterinária, promovendo espaços de acolhimento e suporte emocional, a fim de favorecer uma prática profissional mais empática, ética e sustentável.